quinta-feira, março 13, 2008

Quase sempre

Ele já não agüentava mais seus dias quase sempre normais, seu nome era Renato, quase sempre acordava ao amanhecer do dia com um aspecto nem sempre agradável, seu humor era muito pouco afável, pois sabia como seria seu dia.
Não era novidade que pegaria no mínimo dois ônibus lotados, o que já era um pensamento, um tanto positivo, visto que geralmente eram, não dois, mas sim, quatro ônibus, na gíria popular, “entupidos de gente”; levantava então, tomava seu café quase sempre rápido e caminhava, com um aspecto somente comparado com o de um enfermo em estado terminal, rumo ao ponto de ônibus, onde após algum tempo viria seu famigerado ônibus, onde da parte interna só via uma escuridão de gente, ocasionado pelo excesso de passageiros já amontoados. Após aproximadamente vinte minutos chegava à fatídica parada do circular onde, já sabia, teria que ser rápido caso pretendesse sentar ou então teria que se preparar para espremer-se na porta junto a pessoas nem sempre cheirosas. Sentar nas cadeiras do circular não seria nada muito confortante, tendo-se em vista que era um ônibus velho, diria até, quase sucateado, que andava a uma velocidade irrisória e abarrotado de gente, com um cheiro, diria, fétido, fruto das várias pessoas suadas e algumas, acreditava ele, carentes de um bom banho a algum tempo, e os bancos, já estava acostumado, não eram um primor de em termos de conforto, e nem um pouco limpos, o que apenas o faria suar menos. Sabia também que chegaria atrasado, devido à já comentada velocidade do veiculo, e o humor, nem sempre agradável, dos motoristas não o encorajava a fazer grandes reclamações, no entanto, tal atraso não o preocupava, pois sabia que quase sempre não tinha aula, ao menos naquele dia da semana nos primeiros horários, visto a carência de professores no curso em que estava inserido, e sabendo disto, tinha certeza de que dispersaria o tempo restante aos horários ociosos em conversas infindáveis e quase sempre produtivas, ao menos para melhorar seu humor, que a esta altura já estava abalado, tais conversas, também já tinha idéia, ocorreriam ou na lanchonete, onde também sabia, ficaria sentado em cadeiras vermelhas, e olhando para os salgados que no entanto não se encorajaria a comer, quaisquer se fossem, visto seu aspecto, não muito atrativo ao paladar humano, quanto ao refrigerante, até que pensava comprar, mas lembrava que teria que dividir com as abelhas que tinham moradia junto às luzes, onde montavam comunidades; caso as conversas não ocorressem na lanchonete a opção sempre era sentar nos bancos ao lado do bloco “H”, os quais eram de madeira e concreto e onde o vento sempre desencorajava a ir para as aulas posteriores, às quais sua fraca resistência não ajudaria com que fosse assistir, ao fim do dia, mais um circular e mais um ônibus, ambos seguindo a mesma linha dos matinais e chegando a noite em casa, comeria e cairia de sono já com um “certo nojo” ao pensar com quase toda certeza teria outro dia quase igual ao dia passado.