sexta-feira, janeiro 13, 2012

O Tonel do Rancor

Charles Baudelaire O Rancor é o tonel das Danaidas alvíssimas; 
A Vingança, febril, grandes olhos absortos, 
procura em vão encher-lhes as trevas profundíssimas, 
Constante, a despejar pranto e sangue de mortos. 

O Diabo faz-lhe abrir uns furos misteriosos 
Por onde se estravasa o líquido em tropel; 
Mil anos de labor, de esforços fatigosos, 
Tudo seria vão para encher o tonel. 

O Rancor é qual ébrido em sórdida taverna, 
Que quanto mais bebeu inda mais sede tem, 
Vendo-a multiplicar como a hidra de Lerna. 

- Mas se o ébrio feliz sabe com quem se avém, 
O Rancor, por seu mal, não logra conseguir, 
Qual torvo beberrão, acabar por dormir. 

Um sábio poema de um dos escritores que mais gosto. Nada mais consome uma pessoa que o ódio ou rancor, e nada trás de bom, é algo que só faz sugar, faz adoecer, perder a razão e no final, não existe vitória, não se logra exito algum.