sábado, dezembro 02, 2006

A esperança

A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.

Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?

Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro - avança!

E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa!

Texto de Augusto dos Anjos poeta do pessimismo, de textos com temática pesada que chega muitas vezes a gerar repulsa de alguns, mas que para mim é um dos mais interessantes e peculiares poetas nacionais, por sua visão extremamente pessimista de vida e do mundo.

Este texto, sempre sob a visão única do autor, fala da esperança, pela visão de um pessimista o que torna o texto bem interessante pela luta entre a esperança e o desalento com um mundo sempre tão hostil para quem tem uma visão mais critica da sociedade e do mundo enquanto ambiente ocupado por gente tão mesquinha.

Outro ponto que me chamou a atenção foi o trecho: “Mocidade, portanto, ergue o teu grito, Sirva-te a crença de fanal bendito”, seria bom nossa juventude ao menos interpretar isso, quem sabe se ao menos assim a mesma não deixaria de ser tão facilmente manipulada por tão desonesta imprensa vendida deste nosso país.

Fico por aqui deixando mais este texto para reflexão.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

E isso me lembrou um trecho de Los Hermanos: "É o mundo que anda hostil, o mundo todo é hostil" ... O poeta parece já ter perdido as esperanças ele mesmo, mas ainda consegue gritá-la para quem quiser ouvir: a mocidade. Se sentir vencido é uma sensação terrível, e só a esperança mesmo pra substituí-la, pois a resignação nada mais é que a declaração da derrota. Ainda tenho muito a aprender, pouco a ensinar.

sábado, dezembro 02, 2006 10:42:00 AM  

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