terça-feira, maio 01, 2007

Desenganos
Padre Antônio Thomaz
Muitas vezes sonhei nos tempos idos
Acalentando sonhos de ventura,
Então a voz da lira suave e pura
Era-me um gozo d'alma e dos sentidos.

Hoje, vejo meus sonhos convertidos
Num acervo de dores e de amargura
E percorro da vida a estrada escura
Recalcando no peito os meus gemidos

E se tento cantar como remédio
Minhas mágoas ao sombrio tédio
Que lentamente as forças me quebrantam

Os sons que ira que arranco agora
Mais parecem soluços de quem chora
Do que a doce toada de quem canta.

Padre Antônio Tomaz poeta que mesmo não tendo nenhum livro que reúna suas poesias (isto era um desejo do próprio padre), foi escolhido “o príncipe dos poetas cearenses” em concurso realizado em 1924. Sua poesia possui, “Romantismo, eivado de simbolismo, às voltas com a forma parnasiana”.
Bem, venho a postar esta poesia em um dia em que para me descrever sem muitos arrodeios “não me sinto bem”, mas quantas vezes não já passei por isso, na verdade é bem freqüente, mas não venho a falar de mim e sim da poesia, ela retrata algo que acontece na vida de muitas pessoas, afinal, quantas vezes você chegou a pensar no passado como algo maravilhoso, sendo esta visão inundada do saudosismo, mas com o tempo muitas vezes se descobre que na verdade aquilo nunca foi tão maravilhoso, mas somente se lembra com saudade porque a tal coisa não vai mais voltar, às vezes tal revelação acaba convertendo o já citado saudosismo em pura amargura, e ai como o próprio texto mostra “lentamente as forças se quebrantam”, daí em diante já não tenho respostas para o fim, me encontro neste estagio, fica a leitura do texto.