quarta-feira, outubro 18, 2006

Uma poesia.

Timidez


Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...


— mas só esse eu não farei.


Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...


— palavra que não direi.


Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,


— que amargamente inventei.


E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...


— e um dia me acabarei.


Poesia de Cecília Meireles que gosto muito, acho que porque se assemelha à minha pessoa, não só a mim mas acho que a todos os tímidos mas radicais, daqueles que não conseguem demonstrar seus sentimentos ou seus objetivos a não ser para pessoas de extrema confiança,
afinal qual tímido não se calou ao menos uma vez ao se deparar com a pessoa desejada?

Uma citação da mesma que também se enquadrou bem à minha pessoa e não só a mim como também a alguns menos afortunados é a seguinte: “Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.”

Por essas e outras acho que me identifico bem seus textos que são intimistas e ao mesmo tempo acabam sendo comuns a todo um grupo de pessoas, ao menos é o que penso, deixo por aqui pois estou sem mais palavras e já estou enrolando.

segunda-feira, outubro 02, 2006

O pastelão político!!!

Terminou o horário político, para muitos um alivio, mas eu me pego não de agora mas de algum tempo para cá a imaginar quem é o palhaço, se somos nós que somos praticamente obrigados a ver o tal horário onde vemos sempre as mesmas caras fazendo as mesmas propostas que nunca são cumpridas, a não ser as que vão ser moeda de voto nas próximas eleições, ou se os palhaços são eles que muitas vezes fazem coisas das mais esquisitas para conquistar votos dos menos politizados ou pelo menos se tornar conhecidos para um futuro cargo publico que poderão vir a ganhar com tal conhecimento.
Não preciso ir muito longe, cito apenas a política do meu estado para exemplificar, e ai vocês verão que é igual em todo canto. Vemos no tal horário, senhores de mais de 70 anos vestidos de super-homem (versão local: “Super Moura”), candidatos a governador prometendo “uma bicicleta para cada estudante”, senhores tirando “ratos” do bolso, prometendo dar “agulhadas”, pessoas querendo se eleger apenas por ser “ex-prostituta”, ou dizendo ser “ex-escravo”, entre vários outros exemplos que podem ser encontrados a cada esquina e que tornam o horário político quase tão engraçado quanto uma reprise dos trapalhões com Zacarias.
Ai você pode ter chegado a seguinte conclusão: “eles são os palhaços”. Mas e nós (falo pelos que assistem) que somos obrigados a ver tais atitudes enquanto o país se derrama em corrupção, se não somos feitos de palhaços estamos no caminho certo para sê-los. Ai eu te pergunto: aonde vamos parar?